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A importância de compreendermos o que consumimos na moda

A mudança para uma moda sustentável é um processo demorado e está relacionado às nossas escolhas

Imagem: Artem Beliaikin on Unsplash

Nem sempre paramos para pensar a origem de cada peça que usamos diariamente. Com a ligeira rotina, entramos em um shopping mais próximo e atraídos pelas vitrines, adentramos em uma loja e compramos aquela roupa que precisamos - ou até mesmo - aquela que está no manequim e que às vezes não tem nada haver com você, mas naquele momento, há uma ambição por aquela peça. Isso é o que acontece incessantemente com grande parte da sociedade: a constante aquisição de variadas peças, mas sempre havendo a necessidade de comprar mais, e quando precisa sair, tem a sensação de não ter nenhuma roupa.


Por consequência, as chamadas fast fashions (ou moda rápida em português), vêm expandindo cada vez mais. Com roupas “baratas”, e com muitas coleções por ano, torna roupas de coleções anteriores desprezíveis. Apesar de aparentar acessíveis, esse tipo de roupa tem pouca durabilidade, apresentando defeitos rapidamente, além de que, essas peças são feitas nas chamadas sweatshops (ou em português, fábricas exploradoras). São locais de trabalhos com condições precárias, e com trabalhos análogos a escravidão. Além dessas condições socialmentes inaceitáveis, crianças também são submetidas á estes locais e impossibilitadas de ter uma infância saudável e com acesso á educação.


De acordo com o documentário The True Cost, a população consome 80 bilhões de peças novas por ano. E na medida que se adquire novas peças, outras vão sendo descartadas em um ciclo vicioso. Um dos problema desse descarte acelerado, é que, normalmente, não são reaproveitadas. Nesse documentário, mostra que somente nos Estados Unidos, cerca de 11 bilhões de toneladas de lixo são resíduos têxteis. Além do lixo, há também a poluição na produção de tecidos, havendo poluição da água e até mesmo do solo, devido ao uso de produtos químicos. Infelizmente, a ganância humana visa somente lucrar, e os que preocupam com sustentabilidade é uma parcela mínima. 


Com isso, surgiu um modelo de produção chamado slow fashion, que significa em português, moda lenta. Ou seja, têm uma produção mais lenta, responsável e consciente, priorizando a sustentabilidade, e visando a qualidade dos produtos. Diferentemente das fast fashions, o slow fashion tem a preocupação com o trabalhador e consumidor: há condições de trabalhos justos e mão de obra remuneradas adequadamente, além de preços que realmente condizem com a produção e materiais.


Há dificuldades para sair do ciclo vicioso das fast fashions, mas com a tentativa de diminuir gradualmente torna-se naturalmente mais fácil. Além de lojas com produção slow fashion que há um esclarecimento de como é toda a produção, passando credibilidade e segurança para o consumidor. Na atualidade, há inúmeros brechós, tanto físicos, quanto online, como uma alternativa sustentável que é possível priorizar o reuso sem a necessidade de colocar mais uma peça no mundo. Há também a possibilidade de modificar suas peças antigas. Existe também um aplicativo para celular, chamado ModaLivre, que é uma realização da Repórter Brasil, que informa marcas que combatem o trabalho escravo e marcas que exploram o trabalho escravo. O aplicativo tem um sistema de pontos e cores, que constata um monitoramento se há algum tipo de crime, ou até mesmo histórico da marca. Neste aplicativo, há uma parte de ocorrências de casos, que é possível acompanhar essas informações.  


Com essas pequenas mudanças, é possível mudar a forma que consumimos, adquirir novas peças com consciência e mais informações, comprar realmente quando precisarmos e não deixar se levar por propagandas que tentam suprir desejos incessantes, com a finalidade de somente vender, e que não se preocupam com a produção. A mudança, é um processo demorado, e para isso, repensar nossas escolhas deve se tornar um hábito diário.


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Gabriela Clara Gomes, 18, é natural de Igarapé, região metropolitana de Belo Horizonte, e estudante de Comunicação Social - Jornalismo na UFSJ. Sempre gostou de escrever, e é fascinada por fotografia. Quando conheceu o programa de extensão, Por Outro Olhar, aproveitou o ensejo para externar suas perspectivas sobre diversos temas.


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