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A importância de Democracia em Vertigem no Oscar 2020

Documentário de Petra Costa representa o Brasil na maior premiação do cinema mundial

Foto: Marcelo Camargo.

Quando O que é isso companheiro? foi indicado ao Oscar como melhor filme estrangeiro em 1998, o Brasil sentiu a importância de mostrar ao mundo, mesmo quase 15 anos depois, todos os ataques cometidos pela Ditadura Militar contra a democracia e contra o bem-estar social que vivia o povo brasileiro. Embora repleto de licenças cinematográficas tomadas pelo diretor Bruno Barreto, a adaptação da autobiografia de Fernando Gabeira insere o telespectador em uma sociedade quase que distópica para parte dos críticos estrangeiros, mas que se mostrou não só possível - como também real - no Brasil e em outros países da América Latina.


Agora, em 2020, este sentimento - de certa forma - se repete com a indicação do documentário Democracia em Vertigem, da mineira Petra Costa, que denuncia o colapso que vive a democracia brasileira após as inúmeras anormalidades constitucionais que vem vivendo o país nesta última década e que culminou com o processo que retirou do poder uma presidenta eleita com mais de 54 milhões de votos.


A indicação da obra para a categoria de melhor documentário despertou reações raivosas na parte da população que ainda se recusa a enxergar as reais facetas do impeachment da presidenta Dilma. Enquanto alguns denunciam o documentário de ser simpático ao Partido dos Trabalhadores (PT), o presidente da república Jair Bolsonaro - um dos maiores beneficiários do impedimento da presidenta - define o longa como "ficção e porcaria", embora não o tenha assistido.


Ora, parte dessas pessoas esquecem que é impossível que qualquer produção represente a realidade tal como ela é, e que - dessa forma - nos resta mostra-la a partir de uma representação parcial e subjetiva. O que importa, entretanto, são a veracidade dos argumentos e a abertura dada para que os telespectadores tomem suas próprias conclusões, papéis que Democracia em Vertigem consegue cumprir com êxito.


Mesmo marcados pelo fla-flu ideológico, é impossível negar que o Brasil vive uma crise democrática, ainda mais quando temos um presidente que flerta o tempo todo com um dos períodos mais nefastos da nossa história. Com essa indubitável realidade nas costas, é papel do cinema e do jornalismo fornecer instrumentos para que a população pense a política de forma cada vez mais crítica para, se não mudar a realidade, ao menos se tornar mais consciente do que acontece com o nosso país. O documentário de Petra Costa é um desses instrumentos valiosos. Por isso não só é válido, como também justo, comemorar sua indicação para o Oscar 2020.

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