Pequenos comércios durante a pandemia
Pequenos comércios enfrentam uma realidade nada otimista
Ao realizar uma breve pesquisa sobre a situação de pequenos comerciantes na pandemia é frequente encontrar publicações que discorrem acerca da possibilidade de reinvenção e reestruturação comercial durante este período, especialmente, através do uso da internet. No entanto, em alguns casos, a adaptação a este novo contexto não é tão simples como retratada e diversos obstáculos têm preocupado os lojistas.
Uma das principais ferramentas utilizadas pelos comerciantes ao longo da quarentena tem sido o investimento em vendas online. Entretanto, segundo Gabrielly Silva, funcionária e filha da proprietária de uma loja de móveis na região central de Betim, grande parte dos clientes acredita ser indispensável visualizar os móveis pessoalmente antes de comprá-los. Deste modo, a WillMóveis, loja em que a entrevistada trabalha, não tem tido uma demanda considerável de atendimentos online, questão que tem reduzido muito o nível de vendas.
Diante disso, a loja em que Gabrielly trabalha, assim como diversas outras, enfrenta um período de grandes dificuldades financeiras, visto que algumas despesas não sofreram alterações, como o aluguel do estabelecimento comercial que prosseguiu sem nenhum desconto. Neste contexto, muitos empreendedores optaram pela redução no quadro de funcionários e apenas em abril (2020) 88 mil vagas formais de emprego foram fechadas em Minas Gerais, consoante ao CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
De acordo com a entrevistada, parcela considerável dos comerciantes próximos à loja em que ela trabalha estão amedrontados com a situação: “A gente conversa muito com os comerciantes ao nosso redor e eles estão muito preocupados, estão todos com medo de não conseguirem continuar funcionando e terem que fechar as portas para sempre. As dívidas continuam, mas nós não estamos conseguindo vender, algumas lojas já até fecharam no centro, inclusive a loja de frente à nossa.”
O Governo Federal projetou algumas medidas de apoio aos pequenos negócios, como a concessão de crédito para pagamento da folha salarial e a prorrogação do pagamento de tributos federais. Contudo, Gabrielly afirma sentir-se desamparada em relação às ações da prefeitura de Betim, pois os comerciantes não têm recebido nenhum auxílio regional e a fiscalização só ocorre nas regiões centrais, enquanto nas demais áreas o comércio funciona regularmente: “A gente está sem apoio, nos bairros mais distantes do centro estão abrindo normalmente e aqui a gente não pode. Não temos nenhuma ajuda financeira e nem em relação à disponibilidade de novas plataformas de venda, uma moça até nos procurou para pegar informações da loja para adicionarem em um site da prefeitura de ajuda ao pequeno comerciante, mas já tem uns quatro meses e até hoje não aconteceu nada.” Sendo assim, os comerciantes cobram uma medida mais eficaz de auxílio aos pequenos negócios.
O SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) criou uma campanha publicitária denominada “Compre do pequeno”, que visa incentivar os brasileiros a consumirem produtos e serviços disponibilizados por pequenos empreendedores. Portanto, vale salientar a importância desta ação para que as consequências da pandemia não sejam ainda mais drásticas.
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Este é o primeiro dos textos escritos pelos novos voluntários do Por Outro Olhar. Maria Eduarda Mendonça é natural da região metropolitana de Belo Horizonte, tem 18 anos e estuda jornalismo na UFSJ. Vê no jornalismo e no projeto Por Outro Olhar uma oportunidade de conhecer diferentes pontos de vista.
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Referências e dicas de leitura:
Sebrae: COMPRAR DO COMERCIANTE DO SEU BAIRRO É UM BOM NEGÓCIO PARA TODOS. Acesso: 02 de agosto de 2020.
Sebrae: VEJA AS MEDIDAS DE APOIO DO GOVERNO AOS PEQUENOS NEGÓCIOS. Acesso em: 02 de agosto de 2020.
Governo Federal: QUEDA NAS ADMISSÕES INFLUENCIA SALDO DE EMPREGOS FORMAIS ATÉ ABRIL DE 2020. Acesso em: 02 de agosto de 2020.
Excelente reflexão.
Sempre bom ressaltar que por mais que tentemos inovar a cada dia e nos reinventar, em algum casos é necessário de apoio de terceiros para continuarmos a crescer, principalmente em tempos de isolamento social que afeta diretamente nos negócios.