Cinco músicas para se aprender a viver
Uma lista de canções para aceitar o seu tempo, dar os seus primeiros passos e viver intensamente
Música é algo que sempre vai estar nas nossas vidas, seja escutando-as, pelos pensamentos quando imaginamos um som tocando em alguma cena da nossa vida ou pelo coração quando sentimos algo. E é engraçado como algumas músicas se tornam partes de quem nós somos, por serem tão marcantes que só de escutar alguma parte, você sente aquele sentimento de pertencimento sobre um espaço. Afinal de contas, as músicas determinam quem nós somos? Ou seria o contrário? Sendo nossa personalidade buscando por músicas que nós gostamos? Acho que o resultado é o mesmo no final, com elas sendo parte da gente.
Nesse texto apresentarei cinco músicas do nosso MPB e do nosso rock que se encaixam nesses três quesitos por marcarem experiências únicas a quem escuta, o porquê de suas letras serem tão fortes e o que elas exatamente passam ao escutá-las. As músicas são: Meia Vida de Zimbra, O Velho e o Mar de Rubel, Primeiro Andar de Los Hermanos, Solidão de Volta de Terno rei e Não Te Conheço de Tuyo.
Meia Vida (Zimbra)
A banda de pop rock do litoral paulista já existe há sete anos e apresenta um estilo diferente ao cantar suas músicas. A maioria com letras românticas, um dos seus maiores sucessos é a música Meia Vida. A música refere-se a um relacionamento já desgastado com o tempo e tem uma maneira divertida de narrar essa história. A canção descreve clichês românticos e, cantando para o par romântico, diz não se importar mais com isso, porque ali no tempo presente, ele já não sentia isso. Então, o eu lírico canta que não aguenta mais desfazer aquilo que o destino faz por simplesmente não dar certo, ele não se importa mais em dividir sonhos já planejados com o eu romântico com outra pessoa. Esses clichês de par perfeito não se encaixam pra ele, como ele próprio disse: “não dá mais, só lamento”. E é interessante ver essa desconstrução de clichês românticos em uma música, pares românticos que normalmente estão desgastados com o tempo se prendem ao passado e aguentam essa turbulência pensando nos dias bons que tiveram, mas no tempo presente eles não funcionam mais, então o melhor a se fazer é dizer adeus e continuar procurando uma pessoa que faça todos os seus dias serem bons, e não só uma pequena fase dela. A música ainda contém a frase “Não entendo o que te fez mudar o tempo” se referindo que seu eu romântico já não está mais no mesmo timing que ele, ou seja não dá pra insistir em algo que vai só te machuca. Por isso essa música é tão boa, pois ela dá uma solução simples para um problema que pode ser muitas vezes complexo, a de não entender o nosso tempo.
O Velho e o Mar (Rubel)
O Velho e o Mar é uma música sobre ser aventureiro e sobre se jogar pra vida. A canção que fica constantemente repetindo a expressão “When You Awaken Inside'', que traduzidas para o português significa, “quando você acorda por dentro” já consegue resumir a música por si só. Mas a letra vai ficando cada vez melhor quando o eu lírico vai te colocando em situações que precisa ser ativo, realizar ações e, caso você se sinta inseguro, apenas pare um instante e realize a ação de qualquer jeito. O mundo é feito pelos seus próprios olhos, então se você quiser voar, você pode voar. E é por isso que essa música é tão especial, pois ela te coloca em uma aventura e diz que essa é a melhor forma de você se descobrir como pessoa. Quando eu falo aventura eu não digo uma mega aventura, mas em atitudes simples. Se o barco que você pegar afundar e você estiver dentro dele, você pode nadar, se você se perder no meio do caminho você pode ter calma e se encontrar. O importante é você continuar vivendo a vida tendo ações ativa e sentindo o máximo que você pode, sem arrependimentos, sem deixar palavras não serem ditas, mas sim gritando elas. Quero dizer, você consegue voar, o que mais você não pode fazer?
Primeiro Andar (Los Hermanos)
Na primeira vez que eu escutei essa música, eu achava que primeiro andar se referia a um prédio, no qual você ia se descobrindo ao passear por ele. Mas após ouvir centenas de vezes, eu percebo que significa sobre dar seus primeiros passos. Assim como a música de Rubel, Primeiro Andar é sobre se arriscar para viver. Rodrigo Amarante não liga para o que vai ver e nem para o que vai acontecer, ele só precisar dar seus primeiros passos para finalmente se conhecer, para se entregar a si mesmo e se amar por ter feito isso. A insegurança existe e ela é colocada em dúvida na música “já vou… será?”. Mas ele continua andando e se descobrindo porque ele quer saber quem ele é por completo e por si próprio. O que ele vai ver ou o que vai aprender, ele não sabe, e não tem como ele saber. Porém ele continua caminhando com seus próprios passos, o que ele vai descobrir não importa, mas sua atitude em dar seus primeiros passos sim. Então arrisque-se, viva por viver, sorria por sorrir, se entregue pra vida e reconheça a si mesmo.
Solidão de Volta (Terno Rei)
Solidão de volta é sobre solitude, sobre se conformar em estar sozinho e se divertir com sua própria companhia. Você já tem sua solidão de volta, não precisa mais se explicar, viva, pois só você está assistindo, veja o belo horizonte e não se preocupe por não ter controle sobre ele, respire do seu jeito. O legal dessa música, é a animação e a empolgação que ela passa por estar sozinho. Muitas pessoas tem medo da solidão, do que ela pode causar e o que você pode sentir em relação a ela. Mas essa música trata a solidão com diferença, ela trata com respeito e com até certo tipo de carinho, como se fosse uma vitória estar sozinho, e é por isso que ela é tão bela, até porque você nunca vai estar sozinho de qualquer forma, você vai ter sempre a si mesmo. Aprenda a curtir sua própria companhia que você nunca mais estará sozinho, não se importe com o lugar que você vai, e se vai ter pessoas ou não. Respire lá fora e sinta a vida vindo de onde ela tem que vir, de você mesmo. Se ame acima de tudo e sorria por ter a si próprio como companhia.
Eu Não Te Conheço (Tuyo)
Essa música é sobre se reconhecer. Ela primeiramente te dá um abraço, colocando suas mãos sobre si mesmo e depois diz que essa voz que é nossa inimiga não existe, que você não precisa ouvir ela, você não a conhece. E isso acompanhado pelo clipe sensacional da música que mostra eles em lugares isolados dançando, sendo eles próprios, é incrível. A música também pode representar quando conhecemos um outro lado da pessoa, um lado mais assustador e medonho. Mas quando colocamos ela pra nosso verdadeiro interior, para nossa própria face a música se tinge e amplia seu significado, você que abre seus próprios caminhos, e também os fecha: “mão direita no ventre e a esquerda no peito, eu abro e fecho os caminhos em mim, mão direita no ventre e a esquerda no peito, eu abro e fecho os caminhos em mim”. É também sobre ser amigo de si mesmo, abra seus caminhos somente para aquilo que realmente importa, não aceite o que essa voz diz sobre você, aceite apenas o abraço que seu corpo pode dar em si mesmo.
Essas músicas são tão importantes pelo sentimento que elas trazem por elas mesmas. As canções citadas querem que você viva do melhor jeito possível, se ouvindo, aceitando seu tempo, dando os primeiros passos, não ligando para o que vai acontecer. Seja um aventureiro como Rubel canta, não aceite migalhas como Zimbra diz, não escute a voz que te quer o mal, dê seus primeiros passos e aceite a si próprio, escute essas músicas que esses sentimentos de querer viver, se arriscar e aproveitar a vida irão aparecer e além de tudo viva intensamente.