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Giovanna Fuccio

A sociedade de consumo na qual vivemos e os efeitos que ela provoca nos indivíduos


Tradução: Você não precisa, mas você quer comprar. — Foto: Jon Tyson/Unsplash

Sociedade consumo é o termo utilizado para se referir a sociedade atual, pautada no sistema capitalista, que preza pelo consumo massivo de bens e serviços, disponíveis pela elevada produção, ou seja, oferta maior que a procura. Este excesso de oferta, levou ao desenvolvimento de estratégias de marketing agressivas e sedutoras juntamente com as facilidades do crédito, consequentemente aumentando o consumo massivo.


Esse sistema capitalista visa a geração de lucro e a acumulação de riquezas por meio do trabalho, sendo assim, crescem os números de desigualdades sociais, visto que, em teoria existe uma meritocracia, na qual ascendem os de maior capacidade e definham os incapazes. Em consequência, o sistema provoca o desejo de melhora de si mesmo e a concorrência pelo status se intensifica, colocando em risco a saúde e o bem estar do indivíduo que está disposto a qualquer custo "subir na vida", mesmo que seja trabalhando mais do que o recomendado, passando noites sem dormir, vivendo uma rotina nada saudável.


Não é coincidência que atualmente o número de pessoas com a Síndrome de Burnout (distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema relacionada ao trabalho do indivíduo), cresceu absurdamente. Ou seja, a desigualdade e essa competição por status são obstáculos para a criação de economias sustentáveis que sirvam para otimizar a saúde e o bem estar das pessoas.


No filme Clube da Luta, 1999, dirigido por David Fincher, nos conduz a reflexões profundas acerca da nossa sociedade e da forma que vivemos, sentimos provocados ao assistir. A trama gira em torno de três pessoas; o protagonista é um homem de classe média que vive em função de seu trabalho, numa empresa de seguros. Sofre de insônia e sua saúde mental começa a ficar prejudicada pela falta de descanso. Marla Singer, uma mulher solitária e perturbada, condenada por estar de fora do sistema por ser alguém que quebra padrões. E Tyler Durden, fabricante de sabonetes, garçom em hotéis de luxo e projetista de cinema, sobrevivendo com vários trabalhos, não esconde seu desprezo pelo sistema social e financeiro.


No desenrolar do filme, descobrimos que Tyler é apenas uma criação da cabeça do protagonista, agindo como outra personalidade; de tão danificado pela sua solidão, acaba criando outra personalidade, uma pessoa com quem pode compartilhar tudo. Isto é, o protagonista que passa quase todo o seu tempo trabalhando para poder se sustentar, quando tem um tempo livre não tem companhia, ou prazer, ou qualquer outra atividade que o estimule, acaba recorrendo às compras, bens materiais, para preencher seu vazio. Esta é a representação do cidadão comum, que vive para trabalhar e juntar dinheiro para depois gastar em coisas que não precisa, mas que a sociedade o pressiona a ter.


Através desse ciclo vicioso, as pessoas são minimizadas a meros consumidores, escravos de um sistema que define seu valor de acordo com posses, e esgota toda a sua existência. Em certo momento da trama, o apartamento do protagonista é destruído e essa é uma cena marcante, visto que, era o bem material que ele mais prezava, e contrariamente, ao invés de ficar abalado, a sensação que o invade é a de liberdade. "Só depois de perdemos tudo é que somos livres para fazermos o que quisermos". Logo após se desprender dos bens materiais que o controlavam, ele começa a elaborar o Plano Caos, que consistia em explodir todos os bancos e lugares que tivessem registros de dívidas das pessoas, para destruir o sistema capitalista e libertar o povo, acreditando que esta salvando todas aquelas pessoas.


Enfim, o filme mesmo sendo uma ficção, exemplifica muito bem os efeitos que essa sociedade de consumo pode causar nos indivíduos, desde as pequenas insônias a perda de sanidade. O que vivenciamos atualmente é o sistema engolindo as pessoas, número cada vez maiores de ansiedade, depressão, burnout, síndrome do impostor, e diversos distúrbios ligados à produtividade excessiva e desenfreada.

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