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A representação feminina no automobilismo europeu

A ascensão da representatividade feminina no automobilismo e a expectativa de vermos uma mulher brilhar na Fórmula 1

(Dan Istitene/Getty Images)

A Fórmula 1 começou em 1950 e, apesar da categoria existir há 71 anos, apenas seis mulheres participaram de um final de semana de Grande Prêmio, com duas delas tendo a chance em uma corrida. A primeira a fazer história foi Maria Teresa de Filippis, que em 1958 foi convidada para correr na F1 pela Maserati. Ela participou de quatro Grandes Prêmios com a equipe, e em um pela Porsche. Já em 1974, foi a vez de Lella Lombardi brilhar, sendo até hoje a única mulher a pontuar na Fórmula 1 (conseguiu meio ponto no GP da Espanha em 1975, após uma corrida desastrosa, encerrada com 29 voltas e quatro mortes). Divina Galica tentou se classificar para o GP da Inglaterra em 1976 e Desiré Wilson tentou se classificar para o GP da Grã-Bretanha em 1980. Ambas não conseguiram, porém, Wilson se tornou a única mulher a vencer com um carro de F1, quando participou da F1 Britânica (ou Aurora F1) em 1980. Já em 1992, foi o ano em que Giovanna Amati tentou se classificar para três corridas, não deu certo e ela acabou sendo substituída. A última a conseguir participar de um final de semana de Grande Prêmio foi Susie Wolff. Ela era pilota de testes da Williams em 2012 e dirigiu em uma sessão de treinos na Inglaterra em 2014.


Após elas, nenhuma outra mulher conseguiu chegar na Fórmula 1, apesar de algumas já terem feito testes com as equipes. Porém, nos últimos anos, o automobilismo vem ganhando maior representatividade feminina nas suas categorias de base. Tatiana Calderón foi a última a competir na Fórmula 2, a maior porta de entrada para a F1. Calderón tem seu nome marcado na história das mulheres no automobilismo. Ela foi a primeira mulher a subir no pódio da Fórmula 3 Britânica, a ganhar o campeonato nacional de kart na Colômbia e também nos EUA, a participar da F2, e também, a primeira latino-americana a dirigir um carro de F1. Atualmente, Tatiana é pilota de testes da Alfa Romeo Racing e embaixadora da FIA Women in Motorsport. Há outras mulheres que também estão representando no automobilismo, como Amna Al Qubaisi, primeira pilota dos Emirados Árabes e a primeira mulher do Oriente Médio a participar de um programa de testes para a Fórmula E; sua irmã, Hamda Al Qubaisi, primeira mulher a subir em um pódio na Fórmula 4 italiana. Jamie Chadwick é uma das estrelas em categorias de base, ela foi a primeira mulher e a mais jovem a ganhar o campeonato britânico de Gran Turismo, primeira mulher a ganhar a F3 Britânica e o desafio MRF. Ela ganhou também a temporada de estreia da W Series. E atualmente, Chadwick compete na Fórmula E, na W Series e é pilota de desenvolvimento da equipe Williams.


As pilotas citadas não são as únicas. Muitas outras estão a brilhar e abrir caminho no esporte que ainda é majoritariamente masculino. Há várias iniciativas para facilitar essa abertura, como a criação da FIA Women in Motorsport, que é uma forma de mostrar que as mulheres são reconhecidas pela corporação, promovê-las no automobilismo e criar programas para incentivar a entrada delas na categoria. Outra iniciativa da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) foi o início do Girls on Track com o karting challenge - desafio de kart - (entre 2018 e 2019) para garotas de 13 a 18 anos. As finalistas foram para programas da FIA e contaram com o suporte da mesma para seguir carreira. O Girls on Track junto com a Academia de Pilotos da Ferrari criou também, em 2020, o Rising Stars, no qual, após passar por diversas etapas, a vencedora Maya Weug entrou para a Academia de Pilotos Ferrari (sendo a primeira mulher na história da academia) e hoje compete na F4 italiana. Em 2019, houve a criação da W Series, uma categoria de carros de fórmula 3 que garante iguais oportunidades para as mulheres, sem grandes preocupações financeiras igual ocorre com outras categorias de base. Em 2021, a W Series corre nos mesmos finais de semana da F1, igual ocorre com a F2, F3 e a Fórmula Regional Europeia by Alpine criando a oportunidade das pilotas terem uma maior visibilidade.


Ainda há muitas críticas a respeito de mulheres no automobilismo e até mesmo sobre a criação da W Series. Esta envolve o fato da categoria ser exclusiva para mulheres (o automobilismo era um dos únicos esportes a não ter categorias separadas por gênero), e pilotas como Sophia Flörsch e Pippa Mann acreditam que segregar as mulheres em categorias diferentes (mesmo sendo apenas para tentar agregar apoio e dar experiência para elas conseguirem subir de nível) não é a solução. Aquela envolve opiniões de pessoas importantes dentro da maior categoria do automobilismo, como Helmut Marko, consultor da equipe Red Bull Racing, que acredita na inviabilidade de mulheres chegarem na Fórmula 1, pois “a tensão física para as mulheres é muito grande”. Por outro lado, Mattia Binotto, chefe da Ferrari, afirma que as mulheres devem fazer parte do automobilismo, tanto que apoiou o Rising Stars para a entrada delas na academia da equipe. Apesar de visões diferentes, uma coisa é certa: a representatividade feminina está crescendo, com talentos nas categorias de bases, patrocínio e programas e logo veremos uma mulher brilhar na Fórmula 1.

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